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Mesmo com regras, cigarros eletrónicos e Juuls ainda estão na moda nas escolas

Tradução e voz: João Teles Grilo

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Uma parte dos cigarros eletrónicos confiscados pelo vice-diretor Jacinto Peterson da escola secundária Valley. Um Juul é visível no canto inferior esquerdo. (Foto: Sam Bigelow)

Fumar já não é o que era. Nuvens de vapor com sabores substituíram o fumo do tabaco e já não há cinzas. O clássico papel de enrolar deu lugar a um pequeno retângulo de plástico com um acabamento em mate cinzento e uma entrada USB.

Mas uma coisa não mudou ainda. Cigarros eletrónicos, mais conhecidos como “e-cigarros” ou “vaporizadores” ainda usufruem da potência do conteúdo da nicotina. Cigarros eletrónicos usam bobinas aquecidas para transformar líquido ou “e-juice” em nuvens de fumo de sabor e nicotina para os fumadores inalarem.

O vice-diretor da escola secundária Valley disse que o aparelho, chamado Juul, usa aromas que contém a mesma quantidade de nicotina que um maço de cigarros. Peterson tem receio que os alunos fiquem viciados.

“Eu penso que cigarros nem se parecem com isto,” disse Peterson. “A minha maior preocupação é que se torne pior que o tabaco.”

Peterson disse que Juuls coloca um único problema por múltiplas razões. Primeiro, para os estudantes é mais fácil esconder que o tabaco. “É muito mais discreto,” disse ele. “É clandestino.”

De acordo com Peterson, tipicamente estudantes usam Juuls na casa de banho, mas às vezes até fumam nos corredores da escola ou na sala de aula. Como Juuls são tão pequenos, disse ele, eles são fáceis de esconder quando o professor ou supervisor está por perto.

“Parece-se com um dispositivo USB,” disse Peterson.

Segundo, Juuls e outros cigarros eletrónicos abrem as portas aos estudantes para envolverem-se em outros comportamentos prejudiciais. Peterson disse que está preocupado que alunos que fumam se tornem viciados em nicotina.

“Vai ser difícil reverter essa situação,” disse Peterson.

Peterson acrescentou que os alunos talvez encontrem no tabaco uma maneira de satisfazer os seus vícios se os cigarros eletrónicos não estiverem disponíveis. Mas o tabaco pode não ser a única ameaça. Alguns aparelhos usam óleo de cannabis e outros ingredientes prejudiciais de acordo com Peterson, e alguns alunos vão para a escola drogados.

Sam Bigelow

Sunny Baig com uma Juul que são pequenas e fácil de esconder. (Foto: Sam Bigelow)

“Podes-te enganar pensando que são todos baseados em tabaco,” disse Peterson. “Não é totalmente verdade.”

Terceiro, Peterson disse “tem tudo a ver com respeito.”

“Eu não iria para tua casa fumar,” disse ele. “Porque virias para uma escola, minha casa, tua casa, um espaço em comum, e fazer isso?

A diretora da escola secundária Valley, Sharon Jensen, também expressou preocupação em relação ao Juuls e outros cigarros eletrónicos. Ela disse que podem ser mais apelativos para os jovens que o tabaco tradicional.

“Muitos estudantes que os fumam são pessoas que nunca fumaram um cigarro,” disse Jensen. “Ainda assim é perigoso, mas tem menos agentes cancerígenos, então os alunos estão mais expostos a experimentar.”

A sondagem de tabaco na juventude nacional, um estudo anual realizado pelo Centro de Controlo de Doenças, valida as preocupações de Jensen. De acordo com a sondagem de 2017, 20.7% dos jovens inquiridos nos E.U.A. com 9 e mais anos de idade experimentaram cigarros eletrónicos, comparando com os 17.4% da amostra de jovens inquiridos que já experimentaram cigarros tradicionais.

Frequentemente estudantes começam a fumar eletronicamente porque veem isso como algo mais seguro que tabaco original ou porque querem experimentar aromas diferentes de acordo com a sondagem. Aromas de Juul incluem menta, manga, melão, baunilha e fruta.

No entanto, a sondagem também afirma que os jovens muitas vezes começam a usar cigarros eletrónicos porque tem amigos e os membros da família que fumam. O professor de saúde C.J. Dzubak da escola secundária Valley disse que tem visto esta tendência em primeira mão.

“Tu ficas malvisto de não fumares,” disse Dzubak. “é a tendência agora. é a coisa que está mais na moda.”

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O professor de saúde da escola secundária Valley, C.J. Dzubak aborda os potenciais perigos dos cigarros eletronicos. (Foto: Sam Bigelow)

Dzubak disse que está séptica as afirmações de que os cigarros eletrónicos são mais seguros que fumar. Os alunos dela dizem-lhe que genuinamente acreditam que e mais seguro que tabaco, mas ela pensa que não existe informação suficiente sobre os efeitos a longo-prazo para chegar a conclusões.

“Os médicos costumavam fumar. Nenhum tinha noção do mal que fazia,” disse Dzubak “Lembram-se do homem do Marlboro? Todos os homens do Marlboro estão mortos.”

Juul Labs, que produz o Juul e os aromas, afirma que os menores não são o público alvo. Numa declaração online, o presidente executivo Kevin Burns disse que o facto de os menores de idade usarem o Juul é uma consequência séria e não desejada.

“A nossa intenção nunca foi de influenciar os jovens a usar os produtos Juul,” disse Burns. “Mas a intenção não é suficiente, os números é o que interessa, e os números dizem-nos que é um problema o facto de os menores de idade usarem os cigarros eletrónicos. Precisamos resolver isto.”

Os laboratórios Juul anunciou que irá terminar com a sua presença nas redes sociais e parar de vender os aromas em lojas de retalho, vendendo-os somente através da sua página de internet usando um sistema de verificação de idade.

No entanto, para Dzubak, estes esforços são somente fogo de artifício.

“Estas empresas têm como audiências os jovens,” disse ela. “Os aromas atraem-nos. Às vezes a nossa escola cheira a salada de fruta.”

Clint Ricord, trabalha na Smoke Spot que é uma loja em South Jordan que vende cigarros eletrónicos e outros produtos, disse que a sua loja exige a identificação dos seus clientes e tenta que os cigarros eletrónicos fiquem longe das mãos dos estudantes. No entanto, ele disse que os estudantes têm acesso aos cigarros eletrónicos da mesma maneira que o tabaco.

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A loja Smoke Spot em South Jordan vende acessórios para cigarros eletrónicos com cores vibrantes e aromas. (Foto: Sam Bigelow)

“É muito difícil,” disse Ricord. “Os miúdos podem consegui-los através dos amigos ou irmãos mais velhos que os compram.”

Sunny Baig, dono da loja Smoke Spot, concordou.

“Os jovens em grande parte têm acesso através dos amigos e família,” disse Baig.

De acordo com Baig, os pais às vezes vêm a loja para comprar cigarros eletrónicos para os seus filhos, quiçá sem entender o que são e como funcionam.  

“Sabemos que quando eles não podem pronunciar o nome do produto ou quando o filho fica a espera lá fora que estão a comprar para ele,” disse Baig.

Ricord disse que os empregados da Smoke Spot tentam educar os clientes. Mas, a administração da escola secundária Valley concorda que os estudantes devem ser educados antes de tornarem-se clientes primeiro.