Novo livro de história da igreja ‘Saints’ não é um romance mas lê-se como ta

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Tradução e voz por João T. Grilo

Patrick Mason estava a ler “Saints: The Standard of Truth” no avião quando de repente emociou-se.

Mason, diretor dos Estudos Mórmon Howard W. Hunter na Claremont Graduate University, recebeu uma cópia avançada do novo livro em preparação da história da igreja que será revisto na 53ª conferência anual da Associação de História Mórmon. Foi enquanto lia as passagens que se referiam á violência no inicio da história da igreja que ele “derramou algumas lágrimas.”

“Pensando sobre o sofrimen to que estes Santos suportaram e na sua coragem durante verdadeiros momentos de dor foi algo realmente emocionante para mim”, disse Mason.

A violência no início da historia da igreja não é o único tópico que “Saints” aborda. Mason disse que o livro também aborda a poligamia, o processo de tradução do Livro de Mórmon e muitos tópicos “difíceis” de uma maneira frontal, evitando ao mesmo tempo o típico estilo escrito de alguns livros de história da igreja. Em vez disso, Mason disse que o livro utiliza técnicas de escrita, tais como personagens convincentes e um arco de história “para que possa ser lido mais como uma novela do que um livro histórico.”

“Isto será um sopro de ar fresco,” disse Mason.

Apesar de ler-se como uma história, “Saints” não é uma novela de ficção mas sim a primeira publicação oficial da história da igreja desde 1930 de acordo com os Assuntos Públicos da Igreja. É também o primeiro de uma coleção de 4 volumes entitulado “Santos: A História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,” de acordo com o comunicado de imprensa de Mormon Newsroom.

“Saints” foi lançado ao público em papel no dia 4 de Setembro assim como em eBook e online de forma gratuita em 14 idiomas de acordo com os Assuntos Públicos da Igreja. Os quatro volumes relatam a história da igreja desde Joseph Smith até aos dias de hoje, com o primeiro volume a começar com a infância de Joseph Smith em 1815 cobrindo os incidentes até 1846 em Nauvoo, Illinois.

Os primeiros oito capítulos já foram publicados em 47 idiomas durante os últimos meses que precederam o lançamento do livro nas revistas Ensign e Liahona assim como online.

“Este livro não foi escrito para mim ou para outros historiadores”, disse Mason. “Foi escrito para os membros da igreja.”

Contar a História

Steven Harper, membro do Departamento da BYU de História e Doutrina da Igreja, disse que o projecto “Saints” começou em 2008 quando o Elder Marlin K. Jensen, membro do Primeiro Quórum dos Setenta e historiador e registrador da igreja chamou 10-15 pessoas de contextos diferentes para servir no comité por seis meses. O comité, para o qual Harper foi chamado, recebeu a tarefa de realizar uma proposta para a Primeira Presidência de melhor maneira de actualizar o livro lançado em 1930 por B.H. Roberts “A História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.”

Após o comunicado do comité Harper disse que foi-lhe pedido para refinar a proposta e criar o resumo que a Primeira Presidência aceitou em 2010. Ele foi depois convidado pelo director-gerente do Departamento de História da Igreja para tornar-se no historiador-gerente do projecto. Ele esteve nessa posição nos últimos seis anos assim como foi um dos três editores gerais para o “Saints.”

Harper esteve envolvido na produção do primeiro rascunho do “Saints,” que foi escrito como uma história tradicional. Ele disse que os historiadores tinham a visão correcta para o projecto mas faltava-lhes a habilidade para escrever e portanto trouxeram escritores criativos para o segundo rascunho, incluindo a escritora de teatro Melissa Leilani Larson, a romancista Angela Hallstrom e o académico Scott Hales que já escreveu a dissertação histórica entitulada “The Role of the Novel in Post-Utopian Mormonism.”

Devido a passagens de texto terem sido re-escritas duzias ou até talvez centenas de vezes por múltiplas pessoas, Harper disse que não existe maneira de averiguar quem escreveu o quê. No entanto, um jovem escritor e professor de Inglês na BYU, Chris Crowe, que foi um dos primeiros leitores para o “Saints” disse que apesar do número de pessoas que trabalhou no livro, este tem uma boa fluência.

“Eu penso que foi um bom esforço … e criou um sentido de união,” disse Crowe.

Além disso, Harper disse que simplesmente não poderiam trazer qualquer pessoa para o projecto. Os escritores criativos tiveram que entender que o “Saints” é uma história e não ficção.

Em particular Harper enfatizou que isso é o que coloca “Saints” em outro nível comparando com trabalhos de história de ficção como os volumes de Gerald N. Lund “The Work and the Glory.” Apesar de serem histórias de ficção para entreter e fortalecer espiritualmente a audiência, “Saints” não é do memo gênero, “nem lá perto,” disse Harper.

“Saints é uma história e só porque é uma narrativa não signifcia que seja uma ficção,” disse ele.

Mason concordou com Harper e adicionou que as pessoas que gostaram de “The Work and the Glory” também irão gostar de “Saints” mas que este livro é ainda mais útil porque é uma história factual.

Ele também falou com os autores do texto que disseram que eles foram cautelosos em não terem nenhumas palavras ditas pelos personagens que não estejam documentadas.

“Então eles tentaram colocar emoção e torná-lo em uma conversa, mas foram bastante estritos em aderir aos registros históricos,” disse Mason.

Harper disse que B.H. Roberts era um historiador “bastante equilibrado,” mas que muitos leitores hoje em dia não estão interessados na história compreensiva de 1930 porque foi escrito para uma audiência do século XIX.

Ele disse que quando os membros da igreja não sabem a sua história, não estão unidos como Santos dos Últimos Dias porque os membros da igreja dependem mais das suas próprias histórias do que outras tradições Cristãs que tipicamente dependem num credo religioso.

Por exemplo, se um membro da igreja quisesse saber acerca da autoridade no batismo poderia referenciar-se com a história encontrada en Joseph Smith História 1:68-72, onde Joseph Smith e Oliver Cowdery receberam o Sacerdócio Aarônico e a autoridade para batizar.

“Nós então contamos a história como maneira de sustentar o que a verdade afirma,” disse Harper.

Alcançar o Mundo

Mason disse que irá guiar os membros da igreja para esta nova história “em todos os sentidos” porque irá agarrá-los ao livro ao contrário de outras histórias que somente contêm informação concreta e análise e que talvez sobrecarregue muitos membros da igreja.

“(Saints) é realmente algo que uma pessoa precisa de ler para familiarizar-se de uma maneira mais profunda e intima com os eventos e personagens assim como a história da Restauração sem misturar a parte académica,” disse ele.

Acrescentando, Mason disse que as 586 páginas de papel são “enganadoras” devido ao tamanho da letra e espaçamento entre linhas assim como ao nivel de leitura que ele disse ser acessivel a qualquer aluno de secundário.

Ele também encorajou a juventude e jovens adultos a não se intimidarem pelo tamanho do livro em particular porque seguramente já leram livros grandes como Harry Potter anteriormente.

“Saints” também é criado para uma audiência mundial. Crowe disse que foi-lhe dito que os escritores estavam a tentar aproximar-se do nivel de leitura dos alunos do 8º ano, o que significa que o livro será de leitura fácil para bons leitores e acessivel para leitores de países de alfabetização em desenvolvimento.

Harper disse que o livro é “leitura fácil” e terá uma “exponencial adesão á leitura em comparação com qualquer livro de história da igreja.” No entanto, ele também reconhece que existe uma parte demográfica de membros da igreja que nunca pegarão no livro e que o livro foi portanto escrito também para chamar-lhes a atenção.

“Uma História de se Ouvir”

Ambos Mason e Crowe pensam que “Saints” foi escrito em resposta ás críticas de que a igreja tem sido muito otimistica em apresentar a sua história.

“Eu penso que a meta era “devemos contar a nossa história,” disse Crowe. “Não devemos agir como se algo não tivesse acontecido. Devemos ser nós a contá-lo.”

Mason disse que o livro faz “parte de uma tendência de maior transparência” que particularemente têm estado no centro do Departamento de História da Igreja. Ele também disse que o livro não traça conclusões como uma história académica mas que a narrativa deixa os leitores tirarem as suas prórprias conclusões.

Harper concordou que o livro foi escrito como resposta ás criticas e acrecentou ainda que a sua publicação faz parte de um longo processo iniciado por Joseph Smith quando foi instruido a guardar um registro como instruído em Doutrina e Convénios 21:1.

“E a partir desse momento, imperfeitamente, em grande esforço mas com um sucesso magnífico, os Santos dos Últimos Dias têm guardado seus registros,” disse ele. “Este é o próximo passo em uma longa tradição para o povo que preserva e é dependente da história.”

Ele também enfatizou que é correto ver “Saints” como resposta ás pressões presentes e prioridades assim como a mais recente aproximação da igreja contar a sua história.

Outro objectivo do livro é reconhecer temas sensíveis no passado da igreja, disse Crowe.

Por exemplo, Crowe disse que o livro não enfeita o casamento de Joseph e Emma e reconhece as múltiplas esposas de Joseph. Também aborda o grupo paramilitar que tinha como objectivo proteger a comunidade dos inimigos da igreja, assim como o facto de Joseph Smith ter ordenado um homem negro ao Sacerdócio de Melquisedeque antes dos negros terem sido banidos de portar o sacerdócio. Ele acrescentou que as fontes no livro nem sempre são membros da igreja ou da história da igreja, mas que ás vezes são de inimigos da igreja.

Harper disse que as explicações da igreja a tópicos controversos, muitas vezes encontradas em dissertações de tópicos do evangelho, estão inseridas no livro. Apesar do livro não ser uma exposição aberta ainda assim ajuda a dar contexto histórico a tópicos difíceis.

“Os leitores que talvez não leiam as dissertações de tópicos do evangelho e leiam o livro poderão ganhar algum entendimento desses problemas,” disse Harper.

E quando os leitores quiserem mais explicações sobre um tópico, terão acesso a centenas de ensaios á “distância de um clique” na versão eletrónica. Estão também disponiveis materiais suplementares na página do “Saints.”

Mason disse no entanto que o livro mostra que a igreja tem um firme compromisso no que toca ás ocorrências do inicio da Restauração e que não se esconde de tópico dificeis de abordar. Acrescentou também que os leitores sentir-se-ão confortáveis com o facto de que o livro pode fortalecer seus testemunhos e abordar tópicos sensíveis ao mesmo tempo.

“Você pode ter ambas mensagens em sua cabeça ao mesmo tempo,” disse Mason, “ambos que a Restauração é real e que fortalece nossa fé, e que aqueles que cometeram erros eram seres humanos e que suscetiveis de errar durante suas jornadas.”

Harper disse que o livro tem integridade histórica ainda que seja dificil de dar uma resposta preto no branco quando se pergunta se é uma história honesta. Isto acontece porque a história sempre é relatada pelo ponto de vista de alguém. Por exemplo, Joseph Smith provavelmente diria que “Saints” é honesto, mas um inimigo da igreja, que pede provas concernente aos relatos dos milagres, não concordaria.

No entanto, “de acordo com as regras de métodos históricos que aprendi na pós-graduação, esta é uma história que tem de ouvir,” finalizou Harper.  

Mason disse que o livro é uma justa e precisa representação da história da igreja mas que não é a única. Ele disse ainda que irá sempre existir pessoas que pensam que “Saints” vai demasiado longe na sua abordagem de temas controversos, mas pensa que algumas criticas ao livro virão de pessoas que pensam que é um livro demasiado honesto.

No entanto, “Eu penso que quando tens críticas de ambos os lados isso significa que deves estar a fazer algo certo,” disse ele. “Eu penso que eles fizeram aqui um trabalho notável para encontrar o meio termo.”

A versão em papel em Inglês está disponivel por 5.75$ na store.lds.org, Centros de Distribuição da Igreja e outras lojas de retalho de acordo com os Assuntos Públicos da Igreja. As versões de E-book e audiobook estão disponíveis na Amazon, Kindle, iBook, Kobo e Audible. Versões impressas em Cebuano, Mandarim, Alemão, Italiano, Japonês, Coreano, Português, Russo, Samoano, Espanhol, Tagalo e Tonga estarão disponiveis mais tarde este ano.

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